Anônimo
06/22/2024 (Sat) 18:02
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No.4802
del
Escravidão brasileira
No Brasil, a escravidão já existia antes da chegada dos europeus, quando os ameríndios escravizavam pessoas de tribos inimigas, as vezes escravizando até mesmo alguns europeus como no caso de Hans Staden, que ficou por 8 meses na condição de escravo e após sua lograda fuga, voltou para a Alemanha onde escreveu um livro relatando sua experiência.
No início da colonização, alguns fatores contribuiram para que os escravagistas trouxessem escravos da África: para os jesuítas os ameríndios eram mais fáceis de serem convertidos ao catolicismo; os nativos tinham uma fraca defesa imunológica e muitos morriam de doenças ao simples contato com o homem branco; na África existia uma grande quantidade de mercantes de escravos principalmente no Reino de Daomé, já no Brasil para aprisionar os ameríndios eram necessárias longas expedições pela floresta. Nessas regiões e em muitos outros reinos da África, eram os próprios africanos que operavam o comércio de escravos. A ”dominação europeia” se restringia a um forte no litoral, de onde os europeus só podiam sair com a autorização dos funcionários estatais. Quando viajavam, eram sempre acompanhados por guardas. O rei controlava o preço dos escravos e podia, de repente, mandar todos os europeus embora, fechando o país para o comércio estrangeiro. Também podia dar uma surra no branco que o irritasse.
Foi isso que fez, em 1801, o rei Adandozan com Manoel Bastos Varela, diretor do forte português em Ajudá. Mandou embarcar o diretor ”nu e amarrado” para o Brasil. O soberano do Daomé podia reclamar diretamente com a rainha portuguesa. Seis anos antes de Manoel Varela ser enviado pelado para o Brasil, o rei anterior, Agonglô, escreveu uma longa carta à rainha Maria Primeira. Com muita cordialidade, reclamava do diretor do forte português na cidade de Ajudá, Francisco Antônio da Fonseca e Aragão, ”o qual esquece completamente as obrigações do seu cargo, preocupando-se somente em aumentar suas próprias finanças”. Na carta de 20 de março de 1795, o rei ainda pede que o diretor de forte seja castigado ”de maneira exemplar, como é costume fazer em semelhantes situações”. Quem respondeu a carta foi o príncipe dom João, futuro dom João VI, que anos depois fugiria com toda a corte para o Brasil. Dom João respondeu ponto por ponto. Aceitou demitir o diretor do forte e pediu desculpas por não enviar uma galé carregada com ouro e prata, como o rei africano tinha pedido.